A cada safra, o crédito rural se torna a principal ferramenta de investimento do produtor brasileiro, mas como aponta o empresário e fundador Aldo Vendramin, entre taxas de juros, linhas de financiamento e exigências técnicas, entender o Plano Safra ainda é um desafio para muitos. O ciclo 2025/26 trouxe inovações importantes voltadas à sustentabilidade e à previsibilidade de risco, fatores que exigem mais preparo e gestão de dados dentro da propriedade.
Ao planejar com antecedência e conhecer os requisitos antes de bater à porta do banco, você cria uma vantagem de mercado. O novo Plano Safra está mais técnico e mais criterioso, exigindo comprovação de regularidade ambiental, adesão ao ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático) e documentação digitalizada.
Venha compreender o plano Safra para destaque na sua produção.
Entendendo o novo Plano Safra 2025/26
Com R$ 516,2 bilhões em recursos, o Plano Safra 2025/26 se consolida como o maior da história brasileira. A divisão permanece em duas frentes: agricultura familiar (Pronaf) e agricultura empresarial (Pronamp e demais linhas), com ênfase em produtividade sustentável, bioinsumos e redução de emissões.

Entre as novidades, destaca-se o incentivo a práticas agroambientais. Produtores com CAR (Cadastro Ambiental Rural) ativo e PRA (Programa de Regularização Ambiental) em andamento podem ter redução de até 0,5 ponto percentual na taxa de juros. Linhas verdes também estimulam o uso de biofertilizantes, manejo de baixo impacto e energia limpa nas propriedades.
Conforme elucida o senhor Aldo Vendramin, o crédito rural de 2025 é um instrumento de gestão sustentável e não apenas de financiamento. Ele exige profissionalização do campo e organização documental.
Checklist de elegibilidade antes do pedido
Para evitar entraves na hora de acessar as linhas do Plano Safra, o produtor precisa preparar um checklist completo de documentos e condições técnicas.
1. Regularidade ambiental: Ter o CAR validado e, se for o caso, o PRA assinado é obrigatório para a maior parte das operações. Sem isso, o pedido pode ser indeferido ou ter juros maiores.
2. Cadastro rural atualizado: O CAF (Cadastro Nacional da Agricultura Familiar) substituiu a antiga DAP. Para os médios e grandes produtores, é necessário manter o CNPJ ou CAEPF regularizado junto à Receita Federal e ao MAPA.
3. Planejamento técnico da propriedade: Apresentar um projeto de financiamento com cronograma de atividades, orçamento detalhado e estimativa de produtividade. Os bancos exigem esse documento como base para aprovação.
4. Adesão ao ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático): O ZARC define as janelas de plantio adequadas por município e por tipo de solo, com índices de risco de 20%, 30% e 40%. Desde 2024, o MAPA passou a exigir aderência ao ZARC como condição para financiamento e seguro.
5. Caderno de campo e anotações técnicas: Registros de manejo, fertilização, uso de insumos e controle fitossanitário precisam estar organizados. Essa exigência reforça a transparência e permite comprovar boas práticas.
6. Orçamento e contrapartidas: O produtor deve demonstrar capacidade de contrapartida mínima, especialmente em projetos de máquinas, armazenagem ou irrigação.
Aldo Vendramin reforça que um projeto bem preparado é a melhor garantia de acesso rápido e seguro ao crédito. Hoje, o banco procura gestores, não apenas produtores.
O ZARC e o aplicativo Plantio Certo
O ZARC é uma das ferramentas mais importantes da política agrícola brasileira. Desenvolvido pela Embrapa em parceria com o MAPA, ele reduz riscos de perdas por eventos climáticos e define as melhores épocas de plantio para cada região, como expõe o senhor Aldo Vendramin.
Em 2025, o sistema ganhou um reforço tecnológico: o aplicativo Plantio Certo, que permite consultar as janelas de baixo risco por GPS e registrar as decisões técnicas no campo. Isso simplifica a vida do produtor e agiliza a análise do financiamento, já que os dados podem ser compartilhados com a instituição financeira. O ZARC também serve de base para os seguradores e para o Proagro, garantindo que o crédito seja concedido com critério técnico e sustentável.
Incentivos verdes e bioinsumos
O novo Plano Safra amplia o apoio a tecnologias limpas, então projetos que envolvam biofertilizantes, controle biológico, plantio direto, agricultura de precisão e energia renovável têm condições especiais de crédito e prioridade na análise.
Essa mudança dialoga com a Lei 14.785/2023 (nova Lei de Agrotóxicos) e com a IN 61/2020 (sobre bioinsumos), reforçando a tendência de autocontrole e rastreabilidade nas cadeias produtivas. Como considera Aldo Vendramin, essa integração marca um novo capítulo da sustentabilidade no campo, o produtor que investe em inovação também ganha em credibilidade e acesso a mercados mais exigentes.
Profissionalizar para crescer
Mais do que um programa de crédito, o Plano Safra 2025/26 é um instrumento de profissionalização da produção rural. Ao estimular boas práticas, transparência e sustentabilidade, ele cria um ciclo virtuoso entre financiamento e resultado.
Quem chega preparado, com documentos em dia e projeto bem estruturado, tem mais chances de aprovar o financiamento e reduzir custos. E ao usar ferramentas como o ZARC e o Plantio Certo, o produtor transforma dados em decisão, e decisão em produtividade.
Tal como resume o senhor Aldo Vendramin, o campo brasileiro está entrando em uma nova fase: quem produz com planejamento e sustentabilidade não depende da sorte, mas da gestão.
Autor: Walto Inahana

