As dívidas, especialmente quando acumuladas e fora de controle, têm um impacto significativo na saúde mental. De acordo com Francisco Gonçalves Perez, a constante preocupação com o pagamento de contas, a cobrança de credores e o medo de perder bens essenciais podem levar a um estado de estresse crônico. A ansiedade financeira, termo cada vez mais comum, descreve exatamente esse sentimento de insegurança e desamparo causado pela instabilidade econômica.
Estudos demonstram que pessoas endividadas têm mais chances de desenvolver quadros de depressão e ansiedade, além de sofrerem com distúrbios do sono e outros problemas psicossomáticos. O cérebro humano, ao lidar com ameaças à sobrevivência — como a falta de recursos — entra em modo de alerta constante, comprometendo funções cognitivas como foco, memória e tomada de decisão. Entenda!
Existe uma relação entre dívidas e autoestima?
Sim, e essa relação é profunda. Estar endividado pode gerar um sentimento de fracasso pessoal, especialmente em uma sociedade que valoriza tanto o sucesso financeiro como métrica de competência e valor individual. Muitas pessoas internalizam a ideia de que ter dívidas é sinônimo de irresponsabilidade, o que afeta diretamente sua autoestima. Essa visão distorcida impede a busca por ajuda, alimenta o sentimento de vergonha e contribui para o isolamento social.
A comparação com os outros — muitas vezes com base em padrões irreais nas redes sociais — intensifica ainda mais essa autocrítica, conforme explica Francisco Gonçalves Peres. Com o tempo, a autoconfiança é abalada, dificultando inclusive atitudes proativas como renegociar dívidas ou procurar novas fontes de renda.
Quais os impactos cognitivos e comportamentais das dívidas?
As dívidas afetam diretamente o funcionamento do cérebro, especialmente em situações de escassez. Quando uma pessoa está constantemente preocupada com dinheiro, sua mente é tomada por pensamentos intrusivos e preocupações que consomem energia mental. Isso reduz a capacidade de concentração, prejudica a tomada de decisões racionais e pode até influenciar o comportamento impulsivo — como compras desnecessárias, feitas como forma de compensação emocional.

Esse ciclo alimenta a dívida ainda mais, frisa Francisco Gonçalves Perez. Além disso, a sensação de estar preso em uma situação sem saída pode levar à procrastinação, à negação do problema ou à busca de soluções rápidas e arriscadas, como empréstimos com juros abusivos ou jogos de azar.
A vergonha de estar endividado impede a busca por ajuda?
Infelizmente, sim. A vergonha e o medo de julgamento são barreiras poderosas que impedem muitas pessoas de pedir ajuda, seja de amigos, familiares ou profissionais. Há um estigma social que associa dívidas à falta de caráter ou disciplina, quando na realidade, inúmeros fatores — como desemprego, doenças ou mudanças inesperadas na vida — podem levar alguém a essa situação.
Por não falar sobre o problema, o indivíduo deixa de acessar alternativas que poderiam aliviar o peso emocional, como aconselhamento financeiro ou psicológico. Segundo Francisco Gonçalves Peres, quanto mais tempo se adia essa busca por suporte, maior a tendência de agravamento da saúde mental e do próprio endividamento.
Em suma, Francisco Gonçalves Perez destaca que para aliviar o impacto psicológico das dívidas, é essencial adotar medidas práticas e cuidar do emocional simultaneamente. O primeiro passo é enfrentar o problema com clareza: listar todas as dívidas, compreender prazos, juros e valores. Em seguida, buscar alternativas de renegociação e, se possível, consultar um profissional de finanças. Paralelamente, é fundamental criar pequenas metas, celebrar conquistas.
Autor: Walto Inahana