A mais recente medida provisória anunciada pelo governo federal impacta diretamente os investidores do mercado de criptoativos. A partir da nova regra, os lucros obtidos com a venda de criptoativos estarão sujeitos a uma alíquota única de 17,5% de Imposto de Renda. Essa mudança elimina a faixa de isenção atualmente vigente para operações inferiores a R$ 35 mil mensais, o que deve afetar principalmente pequenos investidores. A medida busca padronizar a tributação do setor, mas especialistas já apontam que poderá provocar uma migração para alternativas de custódia no exterior.
O impacto da nova alíquota de 17,5% sobre criptoativos será sentido tanto pelos investidores pessoa física quanto pelas empresas que operam nesse mercado. Até então, muitos usuários conseguiam negociar seus criptoativos sem pagar impostos, desde que o volume mensal estivesse abaixo da faixa de isenção. Com a revogação desse benefício, qualquer transação lucrativa passa a ser tributada, o que gera preocupações quanto à atratividade do Brasil como polo de inovação financeira.
Além do imposto fixo sobre lucros, a medida provisória também institui a obrigatoriedade de retenção na fonte feita pelas exchanges brasileiras. Ou seja, as plataformas nacionais de negociação de criptoativos passam a ser responsáveis por descontar automaticamente o valor do imposto antes de repassar os rendimentos aos usuários. Isso inclui ganhos com produtos como staking, aumentando o controle do fisco sobre o ecossistema cripto.
A nova tributação sobre criptoativos em 17,5% é vista como um esforço do governo para modernizar e ampliar a arrecadação sobre ativos digitais. No entanto, analistas do setor apontam que a medida pode ter um efeito contrário ao desejado. Ao aumentar o custo para operar dentro do sistema financeiro regulado, muitos investidores podem preferir utilizar carteiras de autocustódia ou plataformas estrangeiras, o que tornaria mais difícil a fiscalização e reduziria o potencial arrecadatório da medida.
A alíquota de 17,5% para ganhos com criptoativos também pode prejudicar as exchanges brasileiras, que já enfrentam concorrência intensa de plataformas internacionais. Ao serem obrigadas a reter o imposto na fonte, essas empresas aumentam sua responsabilidade fiscal e administrativa, ao mesmo tempo em que perdem atratividade diante de soluções que não estão sujeitas à mesma regulamentação. Isso pode incentivar uma fuga de capital e inovação para jurisdições mais flexíveis.
Por outro lado, defensores da medida afirmam que a padronização da tributação dos criptoativos em 17,5% trará mais segurança jurídica para o setor. Eles argumentam que a falta de clareza sobre a incidência de tributos dificultava o desenvolvimento institucional e impedia uma maior participação de investidores institucionais. Com a nova regra, espera-se criar um ambiente mais confiável, no qual o governo e os agentes de mercado possam estabelecer uma relação mais transparente.
Mesmo com a justificativa de organização fiscal, a imposição da alíquota de 17,5% sobre criptoativos reacende o debate sobre o papel do Estado no mercado de ativos digitais. A descentralização, um dos pilares das criptomoedas, entra em conflito com a exigência de controle absoluto por parte das autoridades tributárias. O equilíbrio entre liberdade financeira e regulação permanece como um dos maiores desafios para os próximos anos no Brasil.
Com a publicação da medida, investidores e empresas do setor terão de se adaptar rapidamente às novas exigências. O aumento do custo tributário pode afetar o volume de transações no curto prazo, ao passo que as alternativas de custódia e negociação fora do país ganham espaço. A aplicação da alíquota de 17,5% sobre criptoativos muda a dinâmica do mercado nacional e promete gerar repercussões tanto na arrecadação pública quanto no comportamento dos usuários brasileiros de criptomoedas.
Autor: Walto Inahana